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Paulo Goulart, nome artístico de Paulo Afonso Miessa (Ribeirão Preto, 9 de janeiro de 1933 – São Paulo, 13 de março de 2014), foi um ator, dramaturgo, diretor e escritor brasileiro. Considerado um dos maiores talentos do teatro brasileiro. Goulart deixou sua marca na televisão e no cinema.

Dentre os prêmios e homenagens que recebeu em sua carreira, o Troféu Roquette Pinto de Melhor Ator (1967), o Troféu Helena Silveira de Melhor Ator (1970), o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e o Prêmio Molière de Melhor Ator em 1974, por sua atuação em Orquestra de Senhoritas, de Jean Anouilh, com direção de Luís Sérgio Person. Em 2003, ganhou o Prêmio Contigo! de Melhor Vilão pelo trabalho na novela Esperança.

A família Goulart foi homenageada na 18ª edição do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro. Paulo Goulart, Nicette Bruno e seus filhos Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho receberam um Troféu Especial, pela união e realizações teatrais ao longo de mais de duas décadas. Por ter colocado em prática o Programa Teatro nas Universidades, sob a Lei Rouanet, recebeu em 2009, o Prêmio Especial da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Em 2010, recebeu o Troféu Super Cap de Ouro de Melhor Ator. Em 2014, Paulo foi homenageado na 26º edição do Prêmio Shell de Teatro de São Paulo. Em 2015, Paulo recebeu uma homenagem póstuma com a inauguração da sala de Teatro Paulo Goulart, em São Paulo.

Paulo Afonso Miessa nasceu na Fazenda Santa Tereza em Ribeirão Preto, São Paulo, em 9 de janeiro de 1933. Filho do casal, Affonso Miessa e Elza França Miessa, e irmão Milton Carlos, ator e radialista. Quando tinha cinco anos a família mudou para Olímpia, São Paulo. Seu primeiro emprego foi como operador de som e locutor na ZYG-8 – Rádio Difusora de Olímpia fundada por seu pai, em Olímpia. Participou de um conjunto de cantores, conhecido como Quarteto Tupã. Com 17 anos, o ator se mudou para a cidade de São Paulo e chegou a estudar Química Industrial no Liceu Eduardo Prado. Recebeu o sobrenome artístico (Goulart) do tio radialista Airton Miessa, conhecido como Tito Goulart, irmão de seu pai.

Paulo Goulart viveu com a atriz Nicette Bruno por 60 anos, conhecendo-a em 1952 durante a peça Senhorita Minha Mãe e casando em 1954. Sua esposa, Nicette Bruno (7 de janeiro de 1933), é dois dias mais velha que o ator. Ambos professam seguir os ensinos do Espiritismo há décadas, juntamente com seus filhos. Eles tiveram três filhos, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – todos seguiram a carreira dos pais. Também era avô das atrizes Vanessa Goulart e Clarissa Mayoral.

A luta de Paulo Goulart contra o câncer começou em 2008, quando os médicos descobriram um tumor nos rins. Desde então foram várias internações, tratamento intensivo, mas em 2012 foi diagnosticado com um tumor no mediastino. O ator estava internado desde 8 de janeiro de 2014 no Hospital São José, em São Paulo, e faleceu em 13 de março de 2014 aos 81 anos em decorrência de câncer, ao lado da família. O corpo do ator foi velado no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13 e 14 de março, e no dia 14 de março foi sepultado no Cemitério da Consolação, também em São Paulo.

Vida profissional
Estreou como ator nas radionovelas em 1951. Seu primeiro programa na TV Tupi foi em um programa humorístico em que contracenava com Amácio Mazzaropi, no papel de Boca Mole. Um ano depois, saiu da Rádio Tupi e TV Tupi, indo para a TV Paulista para integrar o elenco da novela Helena, de Manoel Carlos. Fez sua estreia no teatro ainda em 1952, na peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, dirigida por Abelardo Figueiredo e, no mesmo ano, em Amor Versus Casamento, de Maxwell Anderson, direção de Rubens Petrille de Aragão.

O ator e Nicette fundaram em 1953, a companhia Teatro Íntimo Nicette Bruno (Tinb), atuando em peças como Week-end, de Noël Coward e É Proibido Suicidar-se na Primavera, de Alejandro Casona. Em 1956, entra para o elenco da peça Vestido de Noiva, em que contracenava com Henriette Morineau. Depois de uma breve passagem pela TV Continental, de 1958 a 1959, onde atuou no seriado ao vivo Dona Jandira em Busca da Felicidade (1959), foi dirigido por Ziembinski em Zefa entre os Homens, de Henrique Pongetti, em 1962. No mesmo ano, Paulo e a sua esposa se mudaram para Curitiba, quando foram convidados por Cláudio Corrêa e Castro para lecionar teatro e fazerem parte do primeiro grupo do recém criado Teatro de Comédia do Paraná, em que produziram diversas montagens, como Um Elefante no Caos, de Millôr Fernandes, A Megera Domada, de Shakespeare e O Santo Milagroso, de Lauro César Muniz.

“Ser Amigo”
É o que faz sem perguntar. É o que acolhe, participa e ajuda. É o que ouve, aconselha e respeita. É o que alerta, aplaude e critica. É o que partilha a alegria e a dor. É o que desconstrói construindo. É o que discorda, não do conteúdo, mas da forma. É ser fraterno sem ser irmão. É ser membro da Grande Família Universal. É fazer mais do que falar. É não ter dia nem hora. É ser o outro sem deixar de ser você. É não estar só. É sonhar. É saber esperar! Síntese do amigo, está aqui no ditado popular: “Para o amigo, tudo. Para os outros, justiça.”
—Ser Amigo, poema de Paulo Goulart.
No cinema, ele estreou em 1954, na comédia Destino em Apuros, de Ernesto Remani. Neste que é tido como o primeiro filme colorido produzido no Brasil. Seu segundo trabalho no cinema foi em Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos. Entre o final da década de 1950 e o começo da década de 1960, prosseguiu atuando no cinema. Em 1972, retorna ao cinema na produção A Marcha, de Oswaldo Sampaio. Participou também de filmes ligados à religião espírita como Chico Xavier e Nosso Lar.

De 1966 a 1969 passa a se dedicar à TV Excelsior, na qual faz novelas como As Minas de Prata (1966), Os Fantoches (1967), A Muralha (1968) e Vidas em Conflito (1969). Em 1967, Paulo e Nicette firmaram parceria com o diretor Antonio Abujamra, criaram o Teatro Livre e encenaram diversas produções, como Boa Tarde, Excelência (1967), O Olho Azul da Falecida (1968) e Os Últimos Passos (1969), entre outras. Sua primeira novela na Globo foi A Cabana do Pai Tomás (1969). No mesmo ano, foi um dos protagonistas de Verão Vermelho, de Dias Gomes, mas atuou também na programação do SBT, Record e TV Bandeirantes.

Em 1975, iniciou-se como dramaturgo, escrevendo Nós Também Sabemos Fazer, peça que dirige ele próprio no mesmo ano. É de sua autoria também os espetáculos Papai, Mamãe & Cia (1976), Mãos ao Alto, São Paulo! (1980), O Infalível Dr. Brochard (1983), Look Book Hip House (1990), texto feito em parceria com a filha Bárbara Bruno, e Sete Vidas (1997). Também escreveu o poema Ser Amigo e como autor de livros, lançou 7 Vidas (1997), um livro de autoajuda, Grandes pratos e pequenas histórias de amor (2010), livro de culinária escrito em parceria com a Nicette Bruno, e Vôo da Borboleta.

Participou da inauguração do Impostômetro (São Paulo), em 2005. Representando Tiradentes, ele leu manifesto contra a elevada carga tributária brasileira. Em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Paulo Goulart criou o Programa Teatro nas Universidades, para oferecer a universitários a oportunidade de contato com o teatro e, também, incentivar o empreendedorismo entre os jovens, por meio de peças escritas especialmente para esse fim. Um teatro do Esporte Clube Banespa leva seu nome desde 2005.

Seus últimos trabalhos foram no espetáculo teatral Abalou Bangu 2 – A festa (2011). nas produções cinematográficas Nosso Lar (2010), O Tempo e o Vento (2012) e Giovanni Improtta (2013). Seus últimos papéis na televisão foram na novela Morde & Assopra (2011), na série Louco por Elas (2012) e na minissérie O Tempo e o Vento (2014).

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