Homenagem do dia: Ernesto Nazareth
Ernesto Júlio de Nazareth (Rio de Janeiro, 20 de março de 1863 — 1º de fevereiro de 1934) foi um pianista e compositor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do Tango Brasileiro, atualmente (desde a década de 20 do século XX) considerado um subgênero do choro.
É o patrono da cadeira de número 28 da Academia Brasileira de Música.
Ernesto Nazareth nasceu na casa nº 9 da Rua do Bom Jardim (atual Rua Marquês de Sapucaí), na encosta do então Morro do Nheco (atual Morro do Pinto), no bairro do Santo Cristo. Era filho do despachante aduaneiro Vasco Lourenço da Silva Nazareth (1838 – 1940) e de Carolina Augusta da Cunha Nazareth.
Sua mãe foi quem lhe apresentou ao piano e lhe ministrou as primeiras noções do instrumento. Após a morte da mãe em 1874, Nazareth passou a receber lições de Eduardo Rodolpho de Andrade Madeira, amigo da família e, mais tarde, lições de Charles Lucien Lambert, um afamado professor de piano de Nova Orleans radicado no Rio de Janeiro e grande amigo de Louis Moreau Gottschalk.
Aos 14 anos, compôs sua primeira música, a polca-lundu “Você bem sabe”, editada no ano seguinte pela famosa Casa Arthur Napoleão.
Em 1879, escreveu a polca “Cruz, perigo!!”. Em 1880, com 17 anos de idade fez sua primeira provável apresentação pública, no Club Mozart. No ano seguinte, compôs a polca “Não caio noutra!!!”, seu primeiro grande sucesso, com diversas reedições.
Em 1885, apresentou-se em concertos em diferentes clubes da corte. Em 1893, a Casa Vieira Machado lançou uma nova composição sua, o tango “Brejeiro”, com o qual alcançou sucesso nacional e até mesmo internacional, sendo publicada em Paris e nos Estados Unidos em 1914.
Em 14 de jul
ho de 1886, casou-se com Theodora Amália Leal de Meirelles, com quem teve quatro filhos: Eulina, Diniz, Maria de Lourdes e Ernestinho.
Em 1919, começou a trabalhar como pianista demonstrador da Casa Carlos Gomes à Rua Gonçalves Dias, de propriedade do também pianista e compositor Eduardo Souto, com a função de executar músicas para serem vendidas.
Na época, a maneira mais comum de se tomar conhecimento das as novidades musicais era através das casas de música e seus pianistas demonstradores.
Não havia rádio, os discos eram raros e o cinema, mudo. Em 1919, a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro gravou os tangos “Sarambeque” e “Menino de ouro” e a valsa “Henriette”. E, em 1920, Heitor Villa-Lobos dedicou, a ele, a peça “Choro nº 1”, para violão.
Intérprete constante de suas próprias composições, Nazareth apresentava-se como pianista em salas de cinema, bailes, reuniões e cerimônias sociais. De 1909 a 1913 e de 1917 a 1918, trabalhou na sala de espera do antigo Cinema Odeon (anterior ao prédio moderno da Cinelândia), onde muitas personalidades ilustres iam apenas para ouvi-lo.
Foi em homenagem à famosa sala de exibições que Nazareth batizou sua composição mais famosa, o tango “Odeon”.
No mesmo Cine Odeon, travou conhecimento entre outros com o pianista Arthur Rubinstein e com o compositor Darius Milhaud, que viveu no Brasil entre 1917 e 1918 como secretário diplomático da missão francesa.
“Seu jogo fluido, desconcertante e triste ajudou-me a compreender melhor a alma brasileira”, declarou Milhaud sobre Ernesto Nazareth. Trechos de canções de Nazareth foram citadas por Milhaud em seu balé Le Boeuf sur le Toit (O Boi no Telhado) e a suíte “Saudades do Brasil”.
Em 1922, foi convidado pelo compositor Luciano Gallet a participar de um recital no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, onde executou seus tangos “Brejeiro”, “Nenê”, “Bambino” e “Turuna”. Esta iniciativa encontrou resistência, tendo sido necessária a intervenção policial para garantir a realização do concerto.
Em 1926, Nazareth embarcou para uma turnê no estado de São Paulo, que foi planejada inicialmente para durar 3 meses mas que acabou se pr
olongando por 11 meses, com concertos na capital, Campinas, Sorocaba e Tatuí. Tinha, então, 63 anos, e foi a primeira vez que saiu do estado do Rio de Janeiro.
Foi homenageado pela Cultura Artística de São Paulo e tocou no Conservatório Dramático e Musical de Campinas. Apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo, sendo precedido por uma conferência do escritor e musicólogo Mário de Andrade sobre sua obra, na qual afirmou:
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Em 1927, Nazareth retornou ao Rio de Janeiro.
Foi um dos primeiros artistas a tocar na Rádio Sociedade (atual Rádio MEC do Rio de Janeiro). Em 1930, concluiu sua última composição, a valsa “Resignação”. No mesmo ano, gravou, ao piano, a polca “Apanhei-te, cavaquinho” e os tangos brasileiros “Escovado”, “Turuna” e “Nenê”, de sua autoria. Em 1932, apresentou um recital só com músicas de sua autoria em um concerto precedido por uma conferência de Gastão Penalva. Neste mesmo ano, realizou uma turnê pelo sul do país.
Vivia em uma casa no bairro de Ipanema desde 1917. Nos final dos anos 1920, seu problema de audição, resultante de uma queda que sofrera na infância, é agravado. Em 1932, é diagnosticado como portador de sífilis e, em 1933, é internado na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.
Morte:
No dia 1 de fevereiro de 1934, Nazareth fugiu do manicômio. Seu corpo só foi encontrado três dias depois, em estado de decomposição, flutuando nas águas da represa que abastecia a Colônia. Jamais foi possível determinar a causa de sua morte.
Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, mesma região da cidade onde nascera.
Deixou 211 peças completas para piano. Suas obras mais conhecidas são: “Apanhei-te, cavaquinho”, “Ameno Resedá” (polcas), “Confidências”, “Coração que sente”, “Expansiva”, “Turbilhão de beijos” (valsas), “Odeon”, “Fon-fon”, “Escorregando”, “Brejeiro” “Bambino” (tangos brasileiros).