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Hoje, 21 de Setembro, homenageamos Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor. Collor, foi um jornalista e político brasileiro.


 Vida; 

Tinha poucos anos quando perdeu o pai. Sua mãe mudou-se então com os três filhos Alcides, Elvira e Lindolfo, para São Gabriel da Estrela, onde tornou a casar-se, pouco depois, com um alemão nato, que havia sido dono da linha de navegação do rio Caí, João Antônio Collor. Dessa união não nasceram filhos, mas o padrasto criou grande afeição pelo menino, a quem se empenhou em dar a melhor educação que pode. Desde jovem Lindolfo acrescentou o sobrenome do padrasto ao do pai.

Frequentou a escola pública primária da Barra do Ribeiro, alguns anos mais tarde, já casada sua irmã Elvira e residindo em Porto Alegre, teve ele possibilidades de transferir-se para a capital, onde tirou os preparatórios provavelmente como aluno do professor Emílio Meyer.

Em 1906, aos 15 anos, é confirmado pelo bispo da Igreja Episcopal do Brasil em Porto Alegre. Em março desse ano havia ingressado no Seminário dessa mesma Igreja na cidade do Rio Grande, onde permaneceu até o ano seguinte, 1907. Nessa época publica seus primeiros livros de versos e paralelamente colabora com artigos e poesias de inspiração apostólica no semanário O Estandarte Cristão. Torna-se membro militante da legião da Cruz, o que o faz iniciar a pregação do Evangelho na cadeia pública da cidade do Rio Grande e acompanhar o reverendo Américo Vespúcio Cabral, pároco da Igreja da Trindade em Porto Alegre, em viagens missionárias. Em 1907 trabalha numa Escola Dominical da Igreja da Trindade, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, e ensina Português na Associação Cristã de Moços. Dirige uma classe de ensinos bíblicos na Igreja da Trindade e se torna membro da direção de um Boletim Mensal da mesma Igreja.

Deixando o Seminário Episcopal, Lindolfo forma-se na “pouco prestigiosa Escola de Farmácia de Porto Alegre, provavelmente por dificuldades financeiras” . Sendo essa, entretanto, uma atividade muito diversa da sua vocação, nunca a exerceu, mas transferiu-se, pouco depois, para Bagé, onde trabalhou durante um ano no jornal O Dever, de Adolfo Dupont. Em 1907 e 1909 publicou seus primeiros livros, todos de versos: “Bosque Heleno”, “Orquestração de Luz”, “Caminho de Flores” e “Poema dos Matizes”, dedicado este último ao poeta gaúcho Zeferino Brasil, com as seguintes palavras: A Zeferino Brasil, Mestre e Amigo, esta pedra fundamental do meu edifício literário.

 

Carreira na Capital da Republica;

Em 1911, aos 21 anos, seguiu para a Capital da República levando apenas uma carta de recomendação para João Lage, proprietário de jornal O Paiz. O início de sua carreira jornalística no Rio está relatado no artigo que em 1942, na semana seguinte ao seu falecimento, escreveu João Luso: “Não havendo vaga na redação de O Paiz trabalhou como colaborador do jornal, onde publicou entrevistas sobre teatro nacional com autores, críticos, jornalistas e homens de letras. Abria a série uma entrevista com Coelho Neto de quem se fez grande amigo e cuja casa passou a frequentar nos saraus semanais em que o poeta reunia as estrelas literárias do tempo”.

Pouco depois entrava Collor, pela mão de João Luso, para a edição da tarde do Jornal do Comércio, ao tempo uma das folhas de mais difícil acesso no Rio. Começou então a escrever sobre o assunto de sua predileção, a política, em folhetim semanal por ele lançado, “O meu sábado”. A esse propósito escreveu João Luso: “Logo na primeira crônica se definiu o seu feitio de combatente. Precisava de batalhar, por isto ou contra aquilo, mas, coisa rara naquela idade, não se inflamava, não se excedia nos conceitos, não se desmandava no estilo. Esta foi sempre, de fato, uma das suas características mais constantes como escritor, como político, como homem privado: o equilíbrio, o espírito de justiça, a sinceridade de atitudes, o cuidadoso manejo das palavras”.

Em 1913, paralelamente a estas atividades jornalísticas, entrou Collor para o quadro de funcionários do Jardim Botânico e exerceu funções no Gabinete do Ministro da Agricultura.

Logo que se transferiu para o Rio de Janeiro, Collor morou algum tempo em Niterói, mas em seguida fixou-se no então Distrito Federal em casa de um casal espanhol, Tomasa e Gregório Landeira, pertencente este ao corpo de funcionários da Companhia de Seguros Sul América, com sede em Madri. O casal Landeira privava da amizade de uma compatriota, Maria Eugênia Sanchez Dias, casada com o jornalista Luiz Bartolomeu de Souza e Silva e mãe de uma moça que aos Landeira parecia ser a esposa ideal para Lindolfo, pela beleza e fina educação que possuía. Insistia D. Tomasa em convidar seu hóspede para juntos visitarem a família Bartolomeu de Souza e Silva, quando, um belo dia, ouviu dele uma resposta inesperada: “Eu hoje vi a moça com quem desejaria casar-me'” Collor não soube responder de quem se tratava. Havia visto na rua uma linda jovem, que acompanhou de longe para saber onde morava. Com espanto e alegria constatou D. Tomasa Landeira ser exatamente aquela a pessoa que desejavam aproximar do seu jovem amigo. Dentro de alguns meses, a 19 de fevereiro de 1914, realizava-se o enlace de Lindolfo com Hermínia de Souza e Silva. A formalidade do pedido em casamento foi cumprida por um amigo chegado, o escrito gaúcho Alcides Maia, que pouco depois viria a ser deputado federal pelo Rio Grande do Sul e membro da Academia Brasileira de Letras.

Desde janeiro de 1914 começara Collor a trabalhar na redação de A Tribuna, jornal de que eram proprietários seu sogro e o Senador mato-grossense Antônio Azeredo, q

ue se tornaria mais tarde presidente do Senado. Seus primeiros artigos em A Tribuna ocupavam o espaço de uma coluna a que ele dava o título de “Pela Ordem”.

Por essa época escreveu Collor seu terceiro e último livro de versos, “Elogios e Símbolos”, causa de uma séria desavença entre o autor e o crítico literário Gilberto Amado. Encontrando-se os dois na rua do Ouvidor, Collor interpelou-o por suas criticas, que considerou deselegantes. A discussão acalorou-se e houve troca de empurrões que jogaram ao chão Gilberto

Amado. Este, sacando do revólver, alvejou seu contendor, que já se afastava, indo os tiros encravar-se na fachada da Livraria Garnier, ponto de reunião de escritores e intelectuais da época. Possivelmente porque lhe houvesse pesado o excesso que, fora dos seus hábitos, cometera, ou porque concordasse que não era a poesia o caminho para o seu belo talento, resolveu Collor retirar das livrarias todos os exemplares dos seus livros de versos e não tornou a escrever outros.

Já depois de casado, em 1917, formou-se no Rio de Janeiro pela “Academia de Altos Estudos Sociais, Políticos e Econômicos”, que teve vida breve.

 

Nesse mesmo ano, há 15 de maio de 1917, a propósito de uma tentativa de legislação social recomendada em mensagem à Câmara dos Deputados pelo Presidente Delfim Moreira, Collor publica na Tribuna um artigo com o título “Questão Social”, onde já demonstra sua clara compreensão desse problema. São de Collor, então com 27 anos de idade, estas palavras:

“Engana-se profundamente quem supuser que, dentro da nova ordem de coisas que nasce com o fim da luta das potências, (a 1ª Guerra Mundial) seja possível ainda ir eludindo a verdadeira situação do proletariado e adiando sua definitiva incorporação moral e econômica na civilização ocidental… A consciência do mundo está amadurecendo para a reforma social… O que é preciso é dar aos operários leis civis adequadas às suas necessidades nos diversos meios”.

Morte;

Por fim, meses depois do nascimento do seu primeiro neto no Rio, por interferência pessoal de Batista Luzardo e de João Daudt de Oliveira, presidente da Associação Comercial e grande amigo tanto de Vargas como de Collor, teve este autorização para voltar ao Brasil.

Em julho de 1942 concedeu uma entrevista a Francisco de Assis Barbosa, repórter de “Diretrizes”, semanário pertencente a Samuel Wainer, em que Collor definia seu repúdio a qualquer tipo de ditadura. Publicada a entrevista, Collor é preso, libertado mas com a saúde debilitada, é atacado de pneumonia. Apesar de atendido pelo renomado clinico Pedro da Cunha, veio a falecer no Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, onde estava hospedado desde que vendera seu apartamento para comprar a casa na rua Indiana. O velório se fez no salão nobre da ABI, então sob a presidência de Herbert Moses.

Foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Seus restos mortais foram transferidos para São Leopoldo, sua cidade natal, por sua filha Leda.


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