Nota de falecimento – Morre o médico e pesquisador Júlio Voltarelli

Falecimento ocorreu por complicações de um transplante de fígado; ele é o responsável pela primeira pesquisa com a cura do diabetes tipo 1
Morreu nesta quarta-feira (21), em Blumenau (SC), o cientista Júlio César Voltarelli, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, aos 63 anos. Um dos pesquisadores brasileiros mais conhecidos no exterior, pioneiro mundial na cura do diabetes tipo 1 por meio de transplante com células-tronco, Voltarelli morreu em decorrência de complicações de um transplante de fígado realizado no último dia 9.
O professor tinha hepatite tipo C, que evoluiu para cirrose. No fim de 2011, ele soube que teria de se submeter ao transplante. Optou pelo procedimento em Santa Catarina com expectativa de que recebesse o órgão mais rapidamente que na fila do sistema paulista.
Voltarelli deixa um legado de pesquisas com células-tronco e cura em doenças graves. Ele fundou, em Ribeirão, o quarto centro de transplante de medula óssea (TMO) no país e ajudou a formar vários outros especialistas.
“Ele auxiliou muito o desenvolvimento dessa prática no país. Era muito especial, transmitia o conhecimento com facilidade, com ideias inovadoras”, ressalta Luis Fernando Bouzas, diretor do Inca (Instituto Nacional do Câncer) para TMO.
Era também pioneiro no tratamento de doenças autoimunes como lupus, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica. Somente em Ribeirão, mais de 580 pacientes já se beneficiaram com os transplantes de células-tronco (TCT) desenvolvidos por ele, como o garoto Davi, de Sertãozinho, que com seis meses foi submetido a um TCT com material de cordão umbilical para tratar de uma doença rara, em 2010, e foi curado.
Desde os anos 90, formou equipe com mais de 50 profissionais, em pesquisas no Hemocentro e no Hospital das Clínicas. Coordenava ainda a segunda etapa com TCT para diabetes tipo 1, com pesquisas também na França e nos Estados Unidos.
Segundo integrantes da equipe, ainda não foi discutido quem o sucederá, na liderança dos trabalhos. “O desaparecimento dele cria um vazio que não pode ser imediatamente substituído, mas ele criou vários profissionais que vão continuar”, comenta Ricardo Pasquini, 73 anos, médico curitibano que fez o primeiro TMO no país, em 1979.
O velório de Voltarelli ocorrerá nesta quinta-feira (22), a partir das 12h, no Centro Cultural do campus da USP (antiga capela). O enterro será no município de Cedral (SP), na região de São José do Rio Preto.
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), decretou luto oficial de três dias pela morte do médico.
Fonte: www.jornaldacidade.com.br